ADÉLIA PRADO
- Nasceu - Divinópolis, 13 de dezembro de 1935
Adélia Luzia Prado Freitas é uma escritora brasileira. Seus
textos retratam o cotidiano com perplexidade e encanto, norteados pela
sua fé cristã e permeados pelo aspecto lúdico, uma das características
de seu estilo único. Nas palavras de Carlos Drummond de Andrade:
"Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo:
esta é a lei, não dos homens, mas de Deus. Adélia é fogo, fogo de Deus
em Divinópolis". Adélia é também referência constante na obra de Rubem
Alves.
Professora por formação, exerceu o magistério durante 24 anos, até que
sua carreira de escritora tornou-se sua atividade central.
Em termos de literatura brasileira, o surgimento de Adélia representou
a revalorização do feminino nas letras e da mulher como ser pensante,
ainda que maternal, tendo-se em conta que Adélia incorpora os papéis de
intelectual e de mãe, esposa e dona-de-casa; por isso sendo considerada
como a que encontrou um equilíbrio entre o feminino e o feminismo,
movimento cujos conflitos não aparecem em seus textos.
Biografia
Filha do ferroviário João do Prado Filho e de Ana Clotilde Corrêa. Na
rua Ceará daquela cidade do interior mineiro, Adélia Prado leva uma
vida pacata. Inicia seus estudos no Grupo Escolar Padre Matias Lobato.
Em razão do falecimento de sua mãe em 1950, Adélia escreve, no mesmo
ano, seus primeiros versos. No ano seguinte iniciou o curso de
magistério na Escola Normal Mário Casassanta, terminando-o dois anos
depois.
Cronologia
1950: Escreve seus primeiros versos, após a morte da mãe.
1951: Inicia o curso de Magistério na Escola Normal Mário Casassanta.
1953: Conclui o Magistério
1955: Começa a lecionar no Ginásio Estadual Luiz de Mello Viana Sobrinho.
1958: Casa-se com José Assunção de Freitas.
1959: Nasce seu primeiro filho, Eugênio
1961: Nasce o filho Renan
1962: Nasce a filha Sarah
1963: Nasce o filho Jordano
1966: Nasce a filha Ana Beatriz
1972: Morre seu pai
1973: Forma-se em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras de Divinópolis e neste mesmo ano seus poemas são lidos por
Carlos Drummond de Andrade
1975: Publica seu primeiro livro Bagagem, após indicação de Drummond à
Editora Imago. Em seguida, Drummond publica uma crônica no Jornal do
Brasil destacando o trabalho ainda inédito de Adélia.
1976: Lança Bagagem no Rio de Janeiro, com a presença de Juscelino
Kubitschek, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Affonso
Romano de Sant'Anna, Nélida Piñon, dentre outros.
1978: Lança O Coração Disparado, com o qual recebe o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro.
1979: Lança sua primeira prosa, Soltem os Cachorros
1980: Dirige a montagem de Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna pelo grupo de teatro amador Cara e Coragem.
1981: Publica Cacos para um Vitral e Terra de Santa Cruz; neste mesmo
ano é apresentado, no Departamento de Literatura Comparada da
Universidade de Princeton, Estados Unidos, o primeiro de uma série de
estudos sobre sua obra.
1983-1988: Exerce as funções de Chefe da Divisão Cultural da Secretaria Municipal de Educação e da Cultura de sua cidade natal.
1984: Publica Os Componentes da Banda
1985: Partcipa de um programa de intercâmbio cultural entre autores
brasileiros e portugueses, realizado em Portugal, e do II Encontro de
Intelectuais pela Soberania dos Povos de Nossa América, em Cuba
1987: Estréia do espetáculo Dona Doida: um Interlúdio, baseado em
textos de livros da autora, encenado por Fernanda Montenegro, no Teatro
Delfim, no Rio de Janeiro.
1988: Publica A Faca no Peito e participação na Semana Brasileira de Poesia em Nova Iorque
1991: Publica Poesia Reunida
1994: Publica O Homem da Mão Seca
1996: Estréia da peça Duas Horas da Tarde no Brasil, adaptada da obra
da autora pela filha Ana Beatriz Prado e por Kalluh Araújo, no Teatro
Sesi Minas, em Belo Horizonte
1999: Publica Oráculos de Maio e Manuscritos de Felipa
2000: Estréia do monólogo Dona da Casa, adaptação de José Rubens Siqueira para Manuscritos de Felipa
2005: Publica Quero Minha Mãe
Silêncio poético
A literatura brasileira, além de ser fortemente marcada pela presença
de Adélia Prado, também foi marcada por um período de silêncio poético
no qual a escritora "emudeceu sua pena". Depois de O Homem da Mão Seca,
de 1994, Adélia ficou cinco anos sem publicar um novo título, fase
posteriormente explicada por ela mesma como "um período de desolação.
São estados psíquicos que acontecem, trazendo o bloqueio, a aridez, o
deserto". Oráculos de Maio, uma coletânea de poemas, e Manuscritos de
Felipa, uma prosa curta, marcaram seu retorno, ou a quebra do silêncio.
Rubem Alves refere-se a esses silêncios em A Festa de Babbete.
Obras
Poesia
Bagagem, Imago - 1975
O Coração Disparado, Nova Fronteira - 1978
Terra de Santa Cruz, Nova Fronteira - 1981
O Pelicano, Rio de Janeiro - 1987
A Faca no Peito, Rocco - 1988
Oráculos de Maio, Siciliano - 1999
Prosa
Solte os Cachorros, contos, Nova Fronteira - 1979
Cacos para um Vitral, Nova Fronteira - 1980
Os Componentes da Banda, Nova Fronteira - 1984
O Homem da Mão Seca, Siciliano - 1994
Manuscritos de Filipa, romance, Siciliano - 1999
Filandras, contos, Record - 2001
Antologia
Mulheres & Mulheres, Nova Fronteira - 1978
Palavra de Mulher, Fontana - 1979
Contos Mineiros, Ática - 1984
Poesia Reunida, Siciliano - 1991 (Bagagem, O Coração Disparado, Terra de Santa Cruz, O Pelicano e A Faca no Peito).
Antologia da Poesia Brasileira, Embaixada do Brasil em Pequim - 1994.
Prosa Reunida, Siciliano - 1999
Balé
A Imagem Refletida - Ballet do Teatro Castro Alves - Salvador - Bahia -
Direção Artística de Antônio Carlos Cardoso. Poema escrito
especialmente para a composição homônima de Gil Jardim.
Parcerias
A Lapinha de Jesus (em parceria com Lázaro Barreto) - Vozes - 1969
Caminhos de Solidariedade (em parceria com Lya Luft, Marcos Mendonça e outros) – Gente - 2001.
Obras traduzidas
Para o inglês
Adélia Prado: Thirteen Poems. Tradução de Ellen Watson. Suplemento do The American Poetry Review, jan/fev 1984.
The Headlong Heart (Poesias de Terra de Santa Cruz, O coração Disparado
e Bagagem). Tradução de Ellen Watson, New York, 1988, Livingston
University Press.
The Alphabet in the Park (O Alfabeto no Parque). Tradução de Ellen Watson, Middletown, Wesleyan University Press, 1990.
Para o castelhano
El Corazón Disparado (O Coração Disparado). Tradução de Cláudia Schwartez e Fernando Roy, Buenos Aires, Leviantan, 1994.
Bagagem. Tradução de José Francisco Navarro Huamán. México, Universidade Ibero-Americana, a sair.
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